quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Domingo, 21/08/2011

Quem é essa Mulher?

Celebramos hoje a festa da Assunção de Nossa Senhora.

Esse DOGMA foi definido como verdade de fé
pelo papa Pio XII em 1950:
"É dogma revelado por Deus que a Imaculada Mãe de Deus,
a Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrena,
 foi elevada em corpo e alma à glória celestial."
Mas a FESTA da Assunção é bem mais antiga.
Inicialmente, era a festa da "Dormição" de Maria (não se fala de morte)
e da transferência de seu corpo para o paraíso.
Em Jerusalém já se fazia nessa época uma procissão ao túmulo de Maria.

As LEITURAS BÍBLICAS relacionam-se com a festa:

1a leitura: Maria, imagem da Igreja. (Ap 11,19a; 12,1-10ab)
Como Maria, a Igreja gera na dor um mudo novo.
E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal.

Essa "Mulher" representa a Comunidade de Israel, composta de 12 tribos.
Mas se aplica também a Maria, de quem nasceu o Messias.

2a leitura: Maria, nova Eva.
Novo Adão, Jesus faz da Virgem Maria uma nova Eva,
sinal de esperança para todos os homens. (1Cor 15,20-27)

O texto é uma longa demonstração da ressurreição.
A Assunção é uma forma privilegiada de Ressurreição.
O apóstolo não evoca Maria, mas esta leitura na Assunção,
leva a reconhecer o lugar eminente da Mãe de Deus
no grande movimento da ressurreição.

Evangelho: Maria, Mãe dos crentes.
Cheia do Espírito Santo, Maria encontra palavras de fé e de esperança:
doravante todas as gerações a chamarão bem-aventurada! (Lc 1,39-56)

* O cântico de Maria descreve desde o começo o Plano de Deus,
que prosseguiu em Maria e que se cumpre agora na Igreja.

+ O SENTIDO DA FESTA: uma Mulher SINAL


- A primeira e a mais perfeita discípula de Cristo.
A Virgem se constitui em imagem e tipo de Igreja na ordem da fé,
da caridade e da união perfeita com Cristo.
Maria encarnou em sua pessoa e em sua vida terrena,
o ideal de santidade do seguidor de Cristo.
- Sinal escatológico da Igreja:
Maria Assunta é figura e primícias da Igreja que um dia será glorificada;
é consolo e esperança  do povo ainda peregrino na terra.
É a Ponte da passagem de Israel para a Igreja.
- É um Sinal humano de esperança.
A contemplação de Maria na glória nos faz ver a vitória
da esperança sobre a angústia, da comunhão sobre a solidão,
das perspectivas eternas sobre as temporais, da vida sobre a morte.

+ Maria é um modelo cristão para hoje ?
"A Virgem Maria sempre foi proposta pela Igreja
à imitação dos fiéis não precisamente pelo tipo de vida que levou,
dentro do ambiente em que viveu, hoje superado,
mas sim porque ela aderiu totalmente à vontade de Deus,
porque soube acolher a sua palavra e pô-la em prática,
porque a sua ação foi animada pela caridade e pelo espírito de serviço,
porque foi a primeira e mais perfeita discípula de Cristo". (Paulo VI)

+ Maria sinal do amor de Deus.
Na vida sentimos necessidade de expressões de amor e sinais de carinho,
que os outros têm para conosco e que temos pelos outros:
uma saudação, um beijo, uma carta, um gesto, um sorriso...
Na vida espiritual também necessitamos desses sinais...
Cristo é o grande Sacramento do Pai 
e Maria é o sinal perene e maternal do amor
que Deus nos tem em Cristo Jesus nosso Senhor.

A festa de hoje é sinal do que Deus prepara
para os que são capazes de amar e servir.
É a antecipação do que Deus quer doar: a plena felicidade...

Neste mês vocacional, a Igreja também nos apresenta outra pessoa
que deve ser UM SINAL DE DEUS no meio do povo e
para quem Maria é um modelo a ser seguido: o Religioso e a Religiosa...

Como Maria, os religiosos também:
- fazem uma consagração especial: a Deus e aos irmãos...
- devem ser um SINAL de DEUS no meio do Povo...

Esta festa desperta e reforça a nossa ESPERANÇA,
porque a vitória de Cristo e de sua Mãe assegura também nossa vitória:
nos aponta o destino que Deus quer para todos.

E essa vitória será possível se, a exemplo de Maria,
formos fiéis à Palavra de Deus, tivemos um coração humilde
e estivermos atentos às necessidades dos irmãos...

E como Maria foi um sinal de esperança...
rezemos para que os religiosos também continuem sendo
ainda hoje no meio do povo: UM SINAL DE DEUS...

                                          Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 21.08.2011

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Dalila e o pecados do poder

Dom Genival Saraiva

Bispo de Palmares - PE

“Sansão enamorou-se de uma mulher que habitava no vale de Sorec, cujo nome era Dalila. Então os chefes filisteus foram procurá-la e disseram-lhe: ‘Seduze Sansão e descobre donde lhe vem essa força enorme, e como poderíamos vencê-lo e subjugá-lo. Se fizeres isso, te daremos, cada um de nós, mil e cem moedas de prata’. Dalila perguntou então a Sansão: ‘Dize-me, eu te rogo, donde vem a tua força enorme? Com que deveriam amarrar-te para ficares subjugado?’ Respondeu-lhe Sansão: ‘Se me amarrassem com sete cordas de arco, novas e ainda não curtidas, ficaria fraco e seria como qualquer outro homem’.
Os chefes filisteus levaram a Dalila sete cordas de arco, novas e ainda não curtidas, com as quais ela o amarrou, enquanto alguns homens se emboscaram no quarto. Dalila gritou: ‘Sansão, os filisteus!’ Mas ele despedaçou as cordas como se despedaça um fio de estopa chamuscada pelo fogo, e o segredo de sua força ficou desconhecido. Dalila disse a Sansão: ‘Zombaste comigo, contando-me mentiras. Conta-me agora, por favor, com que te deveriam amarrar. Ele respondeu: ‘Se eu for amarrado com cordas grossas, novas e ainda não usadas, ficarei fraco e serei como qualquer outro homem’. Dalila tomou cordas grossas novas, amarrou-o com elas e, na presença dos homens emboscados no quarto, gritou: ‘Sansão, os filisteus!’ Mas ele despedaçou as cordas de seus braços como se fossem fios. Dalila disse a Sansão: ‘Até agora zombaste comigo e me contaste mentiras. Conta-me como deveriam amarrar-te!’ Sansão respondeu: ‘Se teceres as sete tranças de minha cabeleira com a urdidura de um tear e as fixares com um pino, ficarei fraco e serei como qualquer outro homem”. Ela o fez dormir, teceu as sete tranças de sua cabeleira com a urdidura, fixou-as com um pino e gritou:
‘Sansão, os filisteus!’ Despertando do sono ele arrancou o pino do tear e a urdidura. Então ela lhe disse: ‘Como podes dizer que me amas, se não confias em mim? Três vezes já me enganaste, não me revelando de onde vem tua enorme força’. Como ela o importunasse e insistisse todos os dias com suas lamúrias, ele caiu num desespero mortal e acabou revelando-lhe todo o segredo: ‘A navalha’, disse, ‘jamais passou sobre minha cabeça, porque sou consagrado a Deus desde o ventre de minha mãe. Se raparem minha cabeça, minha força me abandonará e eu ficarei fraco, igual a qualquer outro homem’. Percebendo que ele lhe havia contado todo o seu segredo, Dalila mandou chamar os chefes dos filisteus: ‘Vinde todos aqui, porque desta vez Sansão me contou todo o seu segredo’. Eles acorreram, trazendo o dinheiro que haviam prometido. Dalila fez Sansão adormecer no colo e chamou um homem, que cortou as sete tranças de Sansão. Este foi enfraquecendo e de repente sua força o abandonou. Então Dalila gritou: ‘Sansão, os filisteus!’ Despertando do sono, ele pensou: ‘Sairei desta como das outras vezes e me livrarei’. Mas ele não sabia que o Senhor o havia abandonado. Os filisteus agarraram-no e em seguida furaram-lhe os olhos. Depois, levaram-no a Gaza, preso com duas correntes de bronze, e o puseram na prisão, a girar a mó do moinho.’ (Jz 16, 4-20)”
No Antigo Testamento, a participação de mulheres, na sua relação com homens que têm poder político, revela a consciência de pertença ou não ao povo hebreu. Ester e Dalila são dois exemplos.” Ester é escolhida para ser mulher do Rei Assuero: “Procura-se outra rainha entre as mais belas jovens de todas as províncias do Império, sendo escolhida a hebreia Hadassa, sobrinha de Mardoqueu. Hadassa recebe o nome persa de Ester.” Perante o Rei, Ester defende o povo hebreu de acusações que o levariam à morte. (cf. Est 7,1-10) Dalila: ao trair Sansão, traiu o seu povo. “Sua residência em Sorec permitiria não considerá-la nem hebreia nem filisteia, mas a narrativa leva a pensar que tenha sido hebreia.” Dalila não tinha poder político, mas tinha poder de sedução; os filisteus, por sua vez, tinham poder político e financeiro e, assim, praticam o crime do suborno.
É muito comum a prática do suborno, de parte de pessoas que têm poder político e econômico, enquanto buscam, de forma inescrupulosa, a concretização de seus intentos que, via de regra, envolvem dinheiro e posição social. Esse problema, cada vez mais acentuado  na administração pública, tornou-se um vício na vida de funcionários de carreira e de burocratas de ocasião. O suborno sempre fere a ética e atinge a justiça. Fere a ética porque manipula pessoas, normalmente, em situações de fragilidade e necessidade e, assim, as induz ao mal. O suborno fere a justiça porque sempre causa um prejuízo social. O suborno fere a justiça porque sempre causa um prejuízo social. A população brasileira conhece muito bem esse problema, através de denúncias da midia, de relatórios de orgãos públicos de fiscalização e controle e de instituições da sociedade civil.

Arquitetura e Arte Sacra CNBB

A cidade de Recife (PE) acolherá o 8º Encontro Nacional de Arquitetura e Arte Sacra, nos dias 17 a 20 de agosto. O evento é promovido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, Setor Arte Sacra, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Segundo os organizadores do evento, os Encontros Nacionais de Arquitetura e Arte Sacra destinam-se a todos os envolvidos em reformas e construções de igrejas que desejam aprofundar a relação entre liturgia, arquitetura e arte.
O tema central do encontro é “O sagrado e o mistério”, que será trabalhado pelo Teólogo e professor do Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus (MG), padre João Batista Libânio. Haverá também palestras sobre “A fonte batismal”, com o professor da Universidade Católica de Pernambuco (PE), padre Jacques Trudel; “Arquitetura religiosa em Portugal”, com o arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, Bernardo Pizarro Miranda e “O espaço sagrado na poesia brasileira”, com o Filósofo e professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Luciano Costa Santos.
O interessado em apresentar seus trabalhos no 8º Encontro Nacional de Arquitetura e Arte Sacra terá a oportunidade de fazê-lo numa mostra organizada paralela ao evento. Esses trabalhos devem ser impressos em banners, em formato e layouts definidos pela organização do Encontro. Para saber como participar acesse o site do Encontro, no endereço www.espacoliturgico2011.wordpress.com.
Caso deseje participar da mostra mande um e-mail para Maria Inês, no e-mail: arq.mariaines@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. até o dia 15 de julho.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Vida para todos

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ

Iniciamos neste domingo a Semana Nacional da Família, quando comemoramos o Dia dos Pais. É uma ocasião importante para manifestar nossas convicções sobre a importância da família por onde passa o “futuro da humanidade” assim como o nosso compromisso do testemunho cristão familiar num tempo de mudanças e transformações.
Estamos também no clima da Jornada Mundial da Juventude que já acontece na Espanha com as pré-jornadas e que culminará no final de semana com a presença do Santo Padre o Papa Bento XVI atendendo, pregando e celebrando com a juventude do mundo em Madri.
É dentro deste contexto vocacional que nos inspira este mês que somos iluminados pelo Evangelho deste domingo que fala da grande fé de uma mulher pagã, a quem Jesus cura a filha endemoninhada (Mateus 15,22). Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia e essa mulher cananéia vai ao encontro do Senhor, implorando-lhe, com gritos, para curar sua filha: "tende piedade de mim, Senhor" (v. 22). Essa petição, na verdade, é uma profissão de fé cristã. Ela, portanto, reconhece em Cristo, o Messias, o Senhor. Com a intercessão dos discípulos e com o reconhecimento que, mesmo tendo a missão inicial reunir as “ovelhas perdidas”, o Senhor encontra nessa representante dos “gentios” a abertura para anunciar a universalidade da Salvação. Foi ocasião de mostrar ao mundo a misericórdia de Deus e proclamar que a fé transcende todas as barreiras de raça que encontramos já em Isaias 56, 6 que lemos na primeira leitura e constatado por Paulo em Romanos 11, 13 proclamado na segunda leitura deste domingo. É a fé em Cristo que permite o acesso à mulher, no reino à mesa com Abraão, Isaac e Jacob.
Queridos irmãos, como a mulher cananéia, nós também somos chamados por Jesus para amadurecer a semente da fé plantada em nós no dia do batismo. É o ensinamento de amor, em que o Mestre, embora possa parecer distante, impassível diante das nossas necessidades reais, sustenta a nossa fé. Mas, como Ele mantém e reforça a nossa fé? Antes de tudo pelo apelo constante à oração, verdadeiro encontro com Deus, quando os cristãos, ao ouvirem a voz de Deus e tentando fazer a sua vontade, testemunham e vivem esse encontro transformador com Jesus, e a participação nos sacramentos, especialmente a Eucaristia, onde, ao comer a carne do Cordeiro que foi imolado, participamos na mesa eterna, antecipação de participação na vida divina. Nesses dois lugares, portanto, o Senhor faz agir em nós a pedagogia da iniciação no reino, ou seja, a capacidade para obter a salvação.
Ao pedido insistente da mulher, a resposta de Jesus é clara: "seja feito como tu queres". A mulher cananéia que encontramos no Evangelho de hoje é um exemplo maravilhoso de oração fervorosa e de fé apaixonada e clara. O exemplo é particularmente reluzente porque é oferecido por uma pessoa que vem do paganismo. É bom pensar que o amor de uma mãe é tão intenso e quase sagrado, que torna ainda mais forte a oração e firme a fé. Essa mãe que pede a cura de sua filha "atrozmente atormentada por um demônio", e vemos esse comportamento como um protótipo para todas as mães, que lutam continuamente para obterem a saúde física e espiritual de seus filhos. Lembra-nos que um grão de fé é suficiente para mover montanhas e arrancar autênticos milagres do Senhor. Isso nos ensina que devemos dirigir uma dupla invocação a Cristo Jesus: "Aumenta a nossa fé" e "Senhor, ensina-nos a orar”!
Que a Semana Nacional da Família e a Jornada Mundial da Juventude sejam momentos de profunda vivência em nossas comunidades. Rezemos especialmente pelos jovens: para que este momento eclesial seja um reflorescimento para a vida da Igreja e um incentivo para testemunharem e anunciarem o Evangelho da vida.

Ordenações presbiterais

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ

Estou tendo oportunidade de presidir algumas celebrações de ordenações presbiterais neste mês de Agosto. Em plena semana de orações pelas vocações sacerdotais o Senhor me deu a graça de ordenar 11 novos sacerdotes na Festa da Transfiguração do Senhor. É sempre uma oportunidade de reflexão e de ação de graças.

A vida de todo ser humano é um dom de Deus. “Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus” (Ef 2,10). Somos criaturas de Deus. O sacerdócio é um dom que vem de Deus.

Do mesmo modo que chamou Pedro, Tiago, João e tantos outros na história da Igreja, o 'Vem e segue-me', chama hoje com a mesma força. Ninguém respondeu ao sacerdócio por ação humana, mas porque o próprio Cristo no interior de suas almas pronunciou seu nome e os convidou a segui-lo.

Falar de vocação é sempre algo necessário e desafiador. É necessário porque Deus nunca deixa de chamar pessoas para compartilhar a sua intimidade e desafiador porque muitas vezes não damos a devia atenção a esta voz que nos chama. Deus continua sempre o mesmo e não se cansa de demonstrar a sua bondade. Mas no mundo em que vivemos se torna extremamente difícil perceber esta presença e o chamado de Deus. Diante de um mundo cheio de possibilidades e oportunidades, facilmente perdemos a direção. No entanto, em meio a todas essas conturbações, Deus age misteriosamente na simplicidade de nosso dia-a-dia. Deus toca no coração das pessoas para que, livremente, elas disponham de seu tempo e de sua vida para colaborar de forma intensa no serviço de salvação do mundo.

É nesse sentido que a minha ação de graças se prolonga ao ver como, mesmo nas grandes cidades com todas as atrações que dispõe, e mesmo numa sociedade permissiva e com tantas possibilidades de caminhos, jovens continuam respondendo generosamente a Cristo diante do Seu chamado para servir ao Povo de Deus entregando toda a suas vidas e com um coração indiviso.

Cristo quis necessitar de cada um dos seus sacerdotes, como foi com Pedro, Tiago e João. Embora todo cristão é chamado a ser presença de Cristo no mundo, os presbíteros, ao presidir, coordenador, celebrar, anunciar são os canais e os meios pelos quais Ele vai comunicar-se à humanidade. Na Igreja, todos somos iguais por razão da vocação em Cristo, porém, possuímos funções diferentes que supõem vocações na e para a comunidade. A nossa primeira vocação, à qual todos somos chamados, é a de ser santos como nosso Pai é Santo. Vocação esta que está intimamente ligada à nossa adoção filial por parte de Deus. Nesse sentido, tudo o que fizermos deverá contribuir para a nossa santificação e a dos outros, quer assumindo uma vocação de especial consagração na vida da Igreja quer sendo presença dela no mundo perante as várias profissões.

Diante da dimensão do chamado, existem muitos caminhos diferentes: a vocação cristã, de filho, batizado; a vocação laical, ao matrimônio ou a ser solteiro; a vocação ao ministério ordenado, ser sacerdote; e a vocação à vida consagrada, ser religioso. Para responder ao chamado de Deus é preciso abrir o coração e deixar-se envolver pela graça de Deus que exigirá de nossa parte uma constante conversão.

Deus chama a cada jovem ao sacerdócio para que ele responda; chama a cada um, como pessoa. E a resposta a Deus é uma resposta pessoal. A missão de cada sacerdote é clara e precisa: a santidade urgente!

O chamado de Cristo tem prioridade. Nenhum interesse humano deve estar acima de Deus. Por isso Jesus diz: “todo aquele que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”. Jesus mesmo deixou os seus discípulos encarregados para a edificação da Igreja: “Ide, pois, fazei discípulos meus entre todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) e assegurou que estará com eles todos os dias, até o fim do mundo. Assim, a Igreja torna-se missionária e evangelizadora, mas, para que essa missão profética se concretize, ela necessita da colaboração de muitos.

Deixando seus padres em meio ao mundo, Jesus declarou que queria fazer deles seus mensageiros e representantes. Se, graças aos sacramentos do Batismo e da Crisma, cada cristão é chamado a testemunhar e a anunciar o Evangelho, essa dimensão missionária da Igreja se torna especialmente ligada à vocação sacerdotal.

O sacerdote foi escolhido por Deus, do meio do povo, e Cristo vem nos comprovar isto: “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu quem vos escolhi” (Jo 15,16). O sacerdote é chamado a colaborar com a obra da construção do Reino de Deus, apresentada por Cristo. O padre é aquele que fala a Deus sobre os homens e fala aos homens sobre Deus; que não tem medo de servir à Igreja como ela quer ser servida; e que vive com alegria o dom recebido pelo Sacramento da Ordem.

Corresponder ao chamado de Cristo supõe enfrentar desafios com prudência e simplicidade e, até mesmo, perseguições. Os sacerdotes não ficam sós para anunciar o Reino dos Céus, mas é o mesmo Jesus que os acompanha: “Quem vos acolhe, a mim acolhe; e quem me acolhe, acolhe aquele que me enviou”.

O que fortaleceu os discípulos e continua fortalecendo os sacerdotes hoje em dia é sempre o amor de Cristo. E é, sem dúvida, esse amor que fará com que o sacerdote se doe inteiramente ao anúncio da palavra de Deus, à administração dos sacramentos, ao serviço dos doentes, dos sofredores, dos pobres, dos que passam por momentos difíceis, enfim, daqueles que necessitam de conforto para seu corpo e alma.

O padre é o homem da Eucaristia e é dela que ele tira forças e coragem para proclamar o Reino de Deus em meio ao mundo. O padre também é o homem do Anúncio do Evangelho e dele fundamenta sua vida e sua caminhada. O padre é o homem do perdão, vive e anuncia a grandeza da misericórdia de Deus. O padre é o homem da partilha, porque partilha sua vida como Cristo partilhou a sua. O padre é o homem da profecia, porque anuncia e denuncia como os profetas as injustiças de nossos tempos. O padre é o homem do amor, porque se doa como o Cristo se dou na Cruz por amor a humanidade.

A espiritualidade do padre deve ser profunda para enfrentar todas as dificuldades surgidas. É neste ponto que o povo de Deus deve, com fervor, rezar pelos padres para que eles possam, a cada dia mais, estar fortificados com as graças de Cristo.

Tempo Comum, 14/08/11


Quem se salva?

No Catecismo, que aprendi de criança,
a primeira pergunta era: "Para que vivemos na terra?"
 - Para conhecer, amar e servir a Deus e
   assim SALVAR a nossa "alma"...

A Liturgia desse domingo nos oferece a oportunidade de refletir
sobre o tema da SALVAÇÃO. Quem se salva?

As leituras mostram o UNIVERSALISMO da Salvação de Deus

Na 1ª Leitura, vemos que Deus não exclui ninguém da Salvação.
Dia virá em que os "estrangeiros", residentes na Palestina, que honram a Deus
e praticam seus mandamentos, serão acompanhados até o templo do Senhor.
"A Casa do Senhor será uma casa de oração para todos os povos". (Is 56,6-7)

Para os judeus, que se julgavam os únicos destinatários da salvação,
foi uma tremenda novidade.
Essa afirmação nos lembra também que Deus nos convida
a acolher e amar todas as pessoas, mesmo "os diferentes" de nós.
Pois verdadeiro crente é todo aquele que acolhe
com um coração agradecido os dons de Deus e a graça da Salvação.

Na Leitura, Paulo vê o anúncio aos gentios como uma extensão
ao anúncio prioritário aos judeus. (Rm 11, 13-15.29-32)

Paulo lembra com tristeza que Israel, apesar de ser o Povo eleito de Deus
e o Povo da Aliança, recusou a Salvação que Jesus veio oferecer.
Mas a misericórdia de Deus não abandona nenhum de seus filhos
e fica sempre esperando uma resposta positiva às suas propostas.

No Evangelho, Jesus exalta a fé de uma mulher Cananéia,
considerada pagã pelos judeus. A fé não tem fronteiras. (Mt 15, 21-28)

- A mulher procura o Cristo e inicia com ele um comovente DIÁLOGO:  
  apresenta-lhe a maior preocupação de sua vida: a saúde da filha.
- Jesus permanece em silêncio, aparentemente insensível aos apelos da mulher...
- Os apóstolos, impacientes, insistem para que resolva o problema:
  ou cure de uma vez, ou então mande embora...
- Cristo declara com sinceridade e firmeza sua posição:
   "Fui enviado só para as ovelhas perdidas de Israel..."
- Mas ela insiste nesse diálogo que parece IMPOSSÍVEL... 
   "Senhor, vem em meu socorro..."
- E Cristo lhe dirige uma afirmação dura:
   "Não é bom tomar o pão da mesa dos filhos e lançá-los aos cães..."
- E ela não se ofende, pelo contrário, com HUMILDADE prossegue:
"Sim, Senhor, mas também os cães comem as migalhas
que caem da mesa de seus donos..."
- No final, Jesus conclui: "Ó mulher, grande é tua FÉ; seja feito como queres".
  E desde esse momento sua filha ficou curada...
= É um dos trechos mais comoventes do evangelho...
- Impressiona-nos a grande fé e humildade dessa mulher.
- Surpreende-nos também a forma aparentemente dura com que Jesus a trata.

+ Como entender esta atitude do mestre, que sempre procurou mostrar
   em gestos concretos o amor e a misericórdia de Deus pelos homens?

- Foi um modo de desaprovar os preconceitos judaicos contra os pagãos e
  mostrar em terra estrangeira o belo exemplo de fé dessa mulher pagã,
  que também merecia fazer parte do Povo de Deus.

+ ESSE EPISÓDIO NOS REVELA TRÊS VERDADES:

1. A SALVAÇÃO é Universal, "católica" :
É oferecida para todos os que têm o coração aberto aos dons de Deus,
independente de raça, nação, cultura, sexo ou classe social.

2. CRISTÃO é quem aceita a oferta de salvação de Cristo,
quem acolhe o seu Reino, adere a Jesus e ao Evangelho.
O importante não é pertencer a um povo ou a certa classe de privilegiados.
O que vale é a FÉ (entendida como adesão a Jesus e à sua proposta de salvação).

3. A IGREJA é um instrumento privilegiado de salvação deixado por Cristo.
Mas, "graças a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a Salvação eterna,
todos os que, sem culpa, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja,
mas procuram sinceramente a Deus, e, sob a influência da graça, se esforçam por cumprir a vontade dele, conhecida por meio da consciência". (CCIC 171)
No Evangelho de hoje, Cristo em terra estrangeira
elogia a fé de uma mulher pagã (cananéia).

+ O QUE ESSA MULHER CANANÉIA NOS DIZ, HOJE?

         - No "Dia dos Pais", que hoje celebramos?
Muitos pais também andam angustiados pela situação de seus filhos.
Ela nos mostra um caminho para superar os problemas:
- Grande AMOR para com a filha;
- DIÁLOGO humilde e perseverante com Cristo.
Pelo Amor autêntico e pelo Diálogo humilde e perseverante, os pais também encontrarão um caminho seguro para superar todas as dificuldades...

         - Na "Semana da Família", que hoje iniciamos?
Quando o DIÁLOGO parece impossível, o único caminho a seguir
é Amor, Humildade e Perseverança.
Feliz da família que cultiva a fé.
Abençoados os pais que assumem a missão de educar na fé.

Rezemos para que todas as nossas famílias possam ser a família que Deus quer...

                                        Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa- 14.08.2011

domingo, 7 de agosto de 2011

Dia do padre

Dom Benedicto de Ulhoa Vieira

Arcebispo Emérito de Uberaba - MG

Em todas as profissões e postos de comando, existem no correr da história figuras notáveis ou pelo talento ou pela ação ou, até mesmo pelo escondimento. Exemplos notáveis não faltam na Igreja de quem se notabilizaram ou felizmente pela inteligência, pela ação evangelizadora ou, até mesmo pela simplicidade e humildade de suas vidas.
Ao celebrar a festa litúrgica de São João Maria Vianney, pároco exemplar na história, não muito distante no tempo, da Igreja, somos – os padres – convidados a contemplar a vida operosa, dedicada e sublimada deste nobre e conhecido clérigo da Igreja da França.
É ele constituído pelo Papa, como modelo luminoso de quem, fiel a sua sublime vocação tornou-se em todos os assuntos a figura modelar de um verdadeiro pároco, que na paróquia assume como que o posto de pai exemplar de todas as famílias.
Não é difícil na vida atual da Igreja encontrar sacerdotes silenciosos, humildes e dedicados que no seu zelo pastoral são luzes bem claras da ação do sacerdote. Homens de oração, portanto de união íntima com Deus, de dedicação sacrificada ao bem dos irmãos, do desprendimento das coisas materiais, sabem viver integralmente em união mística como o fundador da Igreja: Jesus Cristo. Não fica difícil lembrar a figura do Cura D’Ars como modelo e protótipo do verdadeiro ministro de Deus.
Como prova da aceitação do céu à vida exemplar deste humilde sacerdote francês, seu corpo não foi consumido pela terra e se encontra perfeitamente íntegro em seu oratório silencioso e glorioso no altar lateral da igreja paroquial de Ars, na França. Tem-se a impressão de o Santo ter deixado a terra minutos antes.
Tive a felicidade de celebrar a missa neste altar, com o cálice que era de seu uso diário no tempo de sua vida terrena. Além disso, sente-se um clima de sobrenatural beleza diante daquele humilde altar em que o corpo de São João Maria Vianney se vê intacto como se estivera vivo.
A festa do dia 4 de agosto em homenagem a São João Maria Vianney traz à mente de todos os sacerdotes do mundo o cuidadoso zelo pelas suas obrigações pastorais, pela sua dedicação ao povo de Deus e pela sua união mística com o Senhor do céu.
É este o santo que a Igreja apresenta como modelo para o padre diocesano: viver na oração, dedicar-se exclusivamente aos que dele precisam e respirar um clima sobrenatural do contínuo contato com Deus pela vida contemplativa.
São João Maria Vianney atrai, pela sua vida, os que na aspiração sobrenatural do sacerdócio guardam no coração o desejo sincero de viver na simplicidade os fulgores da vivencia amorosa com Deus. A festa de São João Maria Vianney é um humilde e eloquente convite a todos os párocos para gozarem no dia a dia do seu sacerdócio – que é eterno – as belezas místicas que emanam do exemplo luminoso da vida deste protetor que a Igreja nos apresenta como modelo exemplar da vida pastoral de nossas paróquias.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

MENSAGEM AOS PARTICIPANTES DA JMJ

Presidente da Comissão Episcopal para a Juventude deixa mensagem aos participantes da Jornada Mundial da Juventude de Madri, que acontece neste mês de agosto.
Caros “13.000 irmãos e irmãs brasileiros”, participantes da Jornada Mundial da Juventude 2011, faltam poucos dias para este bonito, significativo, marcante evento da nossa Igreja, cuja catolicidade chama a atenção de todos.
A centralidade em Jesus Cristo, a eclesialidade do encontro, o espírito familiar juvenil chegarão a todos os cantos do mundo com a voz profética de uma Igreja que, acreditando nos jovens, desafia esta sociedade que insiste em defender o consumismo, o hedonismo, o ateísmo, o egocentrismo, a violência, a exclusão, o relativismo. Neste sentido, ‘somos do contra’! Deus tem a primeira e a última palavra de vida plena para os jovens que buscam concretizar o mais belo desejo do coração humano: ser feliz!
“Sei muito bem do projeto que tenho em relação a vós – oráculo do Senhor! É um projeto de felicidade não de sofrimento: dar-vos um futuro, uma esperança! Quando me invocardes, irei em frente, quando orardes a mim, eu vos ouvirei. Quando me procurardes, vós me encontrareis, quando me seguirdes de todo coração, eu me deixarei encontrar por vós – oráculo do Senhor. Mudarei vosso destino, vou reunir-vos de todas as terras e lugares por onde vos dispersei...” (Jr 29, 11-14).
Teremos momentos muito especiais, todos eles desejados por Deus e organizados pela Igreja que, presente em Madri, nos aguarda de braços abertos.
Meu desejo atual e minhas orações diárias têm sido para que todos nós aproveitemos intensamente de tudo que nos será oferecido.
Queridos irmãos e irmãs, peço a Deus pelos seus preparativos materiais, psicológicos e espirituais. Tenham tranquilas viagens; relacionamentos maduros com todos os que encontrarem pelo caminho... e pelos ares! Vibrem por cada palavra ouvida, soprada pelo Espírito Santo! Não se cansem de louvar ao Pai pelas maravilhas que irão contemplar e experimentar! Renovem sua vocação de discípulos-missionários de Jesus Cristo! Aumentem o amor e o compromisso para com esta nossa Igreja que não se cansa de apostar nos jovens!
Nossas Dioceses, Paróquias, Grupos, Pastorais, Movimentos, Novas Comunidades, Congregações Religiosas, familiares e amigos estarão torcendo, rezando pelo sucesso destes preciosos dias. E eles estarão nos aguardando! Sim! Estarão nos aguardando: renovados em nossa vontade de viver à luz e a serviço do Evangelho que dá sentido a nossa vida e nos motiva para a generosa oferta desta nossa vida à vida de nosso povo, principalmente daqueles irmãos que estão excluídos, desanimados, violentados, distraídos, iludidos. Nossa alegria e vibração, com a graça de Deus e a presença dos irmãos, deverão se transformar em criatividade a favor da vida de todos.
Nossa existência não será mais a mesma depois desta Jornada! Acreditem! Nossa vida cristã não pode ser mais a mesma depois deste presente de Deus!
Estejamos de coração e mente abertos! Perseveremos na vivência dos valores, na busca da unidade, na fidelidade cristã, no amor ao próximo, no compromisso a esta Igreja que é nossa Mãe.
Com Maria e com Ela cantemos, juntos, as maravilhas do Senhor que serão abundantes nestes dias de graça e encanto!
Com estima e bençãos especiais,
Dom Eduardo Pinheiro da Silva
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB e
Bispo Auxiliar na Arquidiocese de Campo Grande (MS)

Onde está Deus? 07/08/2011

Muitas vezes nos perguntamos: "Onde está Deus?"
"Onde o podemos encontrar?"

As Leituras de hoje têm duas cenas muito bonitas,
que mostram como Deus SE REVELA.

Na 1a Leitura, Deus se revela a Elias, na BRISA suave. (1Rs 19,9a.11-13)

Cansado e perseguido de morte por Jesabel, Elias foge para o deserto,
a caminho do Monte Horeb, onde Moisés se encontrara com Deus...
- Lá, Elias o esperava no vento, no terremoto, no fogo, mas ele não estava lá.
Deus vai ao seu encontro de uma forma completamente diferente:
"no sopro suave de uma BRISA..." e ali lhe fala...

* Deus geralmente se manifesta na humildade, na simplicidade, na interioridade.
Por isso, é preciso calar o ruído excessivo, moderar a atividade desenfreada, encontrar tempo para consultar o coração, para interrogar a Palavra de Deus,
para perceber a sua presença e as suas indicações, nos sinais,
quase sempre discretos, que ele deixa na história e em nossa vida.

Na 2ª Leitura, Paulo fala que Deus se revelou, oferecendo a todos  
uma proposta de Salvação, mas o seu povo infelizmente a rejeitou. (Rm 9,1-5)

No Evangelho, Deus se revela na TEMPESTADE. (Mt 14,22-33)

- Jesus envia os discípulos em missão na outra margem do lago
  e, cansado, retira-se da multidão... vai ao monte para rezar...
- Enquanto isso, os apóstolos navegam "de noite" preocupados,
  na barca agitada pelos ventos contrários.
- Jesus interrompe o descanso... vai ao encontro, "caminhando sobre o MAR".
- Eles o confundem: "É um fantasma..."
- E Jesus se identifica: "Coragem, SOU EU, não tenham MEDO".
- Pedro o desafia: "Se és Tu, manda-me caminhar sobre as águas".
- Jesus aceita: "Vem!"
- Pedro vai ao encontro de Jesus; mas, assustado pelo vento,
  começa a duvidar e afundar. Então grita por socorro: "Salva-me, Senhor!".
- Jesus antes estende a mão e depois o questiona:
  "Por que duvidaste, homem de pouca fé?"
- Jesus entra na Barca e a tempestade se acalma.
- Então todos se prostram em adoração diante de Jesus, dizendo:
  "Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus".
* Deus se manifesta em meio às dificuldades, aos ventos da tempestade.

Enquanto Jesus está em diálogo com o Pai, os discípulos estão sozinhos,
em viagem pelo lago. Essa viagem, no entanto, não é fácil e serena… É de noite; o barco é açoitado pelas ondas e navega dificilmente, com vento contrário.
Os discípulos estão inquietos e preocupados, pois Jesus não está com eles…
Esse BARCO é a COMUNIDADE CRISTÃ:   
A "noite" representa as trevas, a escuridão, a confusão, a insegurança
em que tantas vezes "navegam" através da história os discípulos de Jesus,
sem saberem exatamente que caminhos percorrer nem para onde ir…
As "ondas" representam a hostilidade do mundo,
que bate continuamente contra o barco em que viajam os discípulos…
Os "ventos contrários" representam as resistências ao projeto de Jesus.
Os discípulos de Jesus se sentem perdidos, sozinhos, abandonados, desanimados, desiludidos, incapazes de enfrentar as tempestades que as forças da morte e da opressão (o "mar") lançam contra eles…
É precisamente aí, que Jesus manifesta a sua presença.
Ele vai ao encontro dos discípulos "caminhando sobre o mar".

O episódio reflete a fragilidade da fé dos discípulos, quando tiveram
de enfrentar as forças adversas, sem a presença de Jesus na barca.
Os discípulos seguem a Jesus de forma decidida, mas se deixam abalar
quando chegam as perseguições, os sofrimentos, as dificuldades…
Então, começam a afundar e a ser submergidos pelo "mar" da morte,
da frustração, do desânimo, da desilusão…
No entanto, Jesus lá está para lhes estender a mão e para os sustentar.
Finalmente, a desconfiança dos discípulos transforma-se em fé firme:
"Tu és verdadeiramente o Filho de Deus".

Esse texto é uma CATEQUESE sobre a caminhada da Comunidade de Jesus, enviada à "outra margem", para convidar todos para o banquete do Reino
e a oferecer-lhes o alimento com que Deus mata a fome
de vida e de felicidade dos seus filhos.
- A caminhada não é um caminho fácil.
A comunidade (o "barco") dos discípulos deve abrir caminho
através de um mar de dificuldades, pela hostilidade dos adversários do Reino
e pela recusa do mundo em acolher os projetos de Jesus.
- Os discípulos devem estar conscientes da presença de Jesus.
O "fantasma" do MEDO desvanece e as crises de fé são superadas,
quando aceitamos a presença de Deus em nossa vida pessoal e comunitária.
Ele continua a garantir: "Coragem! Sou Eu. Não tenhais medo".

+ Dia do Padre: O padre também não está isento de "tempestades",
que se formam dentro e fora da Comunidade.
Nesse dia a ele consagrado, rezemos para que, nesses momentos
em que possa ter a sensação de afundar no mar da frustração e do desânimo,
possa perceber essa presença de Cristo, que vem ao seu encontro
com palavras de esperança. "Coragem! Sou eu. Não tenhas medo!"
Quando Cristo entra na BARCA, o vento e as ondas param...
e volta a tranqüilidade... a paz.
 
                                              Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 07.08.2011

19 Domingo do Tempo comum. Coragem! Sou eu. Não tenhais medo.

“Depois do fogo, ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isso, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta” ( 1 Rs 19,13a). “Assim que subiram no barco, o vento se acalmou. Os que estavam no barco prostraram-se diante dele, dizendo: Verdadeiramente, tu és o filho de Deus” (Mt 14,33).
Duas cenas de calma e serenidade quase paradisíacas, que acabam de concluir a atribulada travessia do deserto por parte do profeta Elias, e a longa noite dos discípulos, cheia de angústia ao lutar contra as ondas do lago agitadas pela tempestade. Apesar desse quadro, os protagonistas das duas histórias estão gozando tranqüilidade e paz profunda: dom surpreendente que acompanha o inesperado e íntimo encontro com o Senhor, que até pouco antes parecia estar ausente, surdo e mudo perante os seus gritos de medo e de ajuda.
Por um lado as cenas marcam o cume da condescendência de Deus para com o seu profeta Elias, e a intensa manifestação da senhoria de Jesus sobre os agitados acontecimentos da história, para com os discípulos. Por outra parte, a mudança radical do cenário marca o ponto de chegada do longo processo de conversão do profeta ao Senhor, assim como do crescimento da frágil fé de Pedro e dos demais discípulos. O medo paralisante de pouco antes se traduz na solene profissão de fé que proclama Jesus “Filho de Deus”. Quantas vezes Jesus, ao encerrar o encontro com um homem ou com uma mulher que vai em busca dele, confiante em sua ajuda, declara: “Vai, a tua fé te salvou!” (cf. Mc 5,34; Mt 15, 28). O Senhor abre para nós o mesmo trilho!
A profissão de fé dos discípulos nos coloca em cheio na plena luz da páscoa; páscoa que celebramos hoje, assim como em todo domingo, para que ilumine e oriente a partir de uma perspectiva interior nossos dias. Eles se sucedem uns aos outros, aparentemente iguais na repetição da rotina, e não raramente provados por feridas e fatigas sem saída. A luz do Ressuscitado os resgata do “não sentido”, e os faz lugar do possível encontro com o Senhor.
A Igreja nos acompanha com o dom da Palavra de Deus e com o pão de vida da Eucaristia, para que nos tornemos companheiros da longa trajetória interior de Elias e dos discípulos, partilhando com eles a mesma força transformadora da fé e a intimidade para com o Senhor, que caracterizam toda autêntica relação com ele.
O breve trecho do 1 livro dos Reis, proclamado na primeira leitura, nos apresenta apenas a conclusão da complicada história humana e interior de Elias, o primeiro dos profetas históricos de Israel. Ele é apresentado pela mesma escritura do AT e do NT, como modelo de tantos homens de Deus, chamados por ele a tornar-se seus amigos e corajosas testemunhas, na defesa da justiça em prol dos pobres, na recuperação das exigências da aliança estabelecida por Deus com Israel, na espera da vinda do Messias que vai restabelecer as condições para cumprir a originária aliança.
A compreensão profunda da extraordinária experiência de Deus, vivenciada pelo profeta na gruta do monte Horéb, pressupõe uma leitura atenta e partícipe da fascinante aventura humana e espiritual de Elias, narrada nos capítulos 18-19 do 1 livro dos reis. À sua luz se compreende a colocação desta história em conjunção com a narração da noite de Jesus mergulhado em profunda oração na montanha, e sua ida em socorro dos discípulos em dificuldade dentro do barco no meio da tempestade. Na complexidade das intrigas e das paixões humanas, se desvela a secreta pedagogia com que Deus dirige a história, chama e forma seus profetas para guardar e alcançar o cumprimento do seu projeto de vida.
Talvez seja útil lembrar alguns pontos salientes deste trajeto interior de Elias, para iluminar um pouco nosso próprio caminho existencial. Poderia nos ajudar também a entender porque a sua figura se tornou tão emblemática na tradição da própria Escritura, na tradição judaica posterior, naquela cristã, sobretudo na sua vertente mística, e até mesmo na tradição muçulmana. Cada uma delas se reconhece num ou no outro aspecto da sua experiência espiritual, como num espelho.
No momento mais alto da revelação da identidade e da missão de Jesus na transfiguração, ele aparece dialogando sobre o cumprimento da sua tarefa de messias sofredor com Moisés e Elias, os dois eixos do projeto salvífico de Deus na aliança, que está para se realizar na sua morte e ressurreição (cf Lc 9, 30-31).
O profeta, com zelo ardente pela pureza da fé de Israel com a violência de todo fundamentalista religioso (1 Rs 18,20-40), foi progressivamente transformado pelo próprio Senhor, através de uma série de despojamentos interiores, sempre mais sofridos e radicais. O Senhor lhe ordena de morar no deserto, onde aprende a se alimentar confiando na providência divina: os corvos trazem o pão e a torrente de água o sacia por um tempo limitado. O Senhor o envia a morar em terra pagã, sustentado por uma pobre viúva em Sarepta (1 Rs 17, 2-24).
O profeta pretende defender Deus com a matança dos profetas de Baal (1 Rs 18, 16-40). Foge para o deserto para salvar-se da vingança da rainha Jezabel, cai no extremo desânimo, o Senhor o socorre alimentando-o através de seu anjo, e o fortalece para cumprir seu caminho até a montanha do Senhor (1 Rs 19, 1-8).
O Senhor o interpela como profeta refugiado na gruta da montanha. Ele se queixa de estar correndo riscos mortais pelo Senhor, e reivindica mais uma vez o feito de ficar sozinho para defendê-lo (1 Rs 19, 10.14). Em resposta o Senhor lhe ordena de “sair da gruta” em que está amparado, para ficar diante dele que está para passar diante dele ( 1 Rs 19, 9-11; 13-14)). 
A gruta em que está refugiado, mais que na rocha da montanha, está escavada na realidade em seu pequeno mundo ideológico, onde falta o ar livre da vida e a visão ampla da realidade. O Senhor faz sair Elias deste túmulo de morte, e o faz nascer à vida nova. O murmúrio suave e brando é a habitação verdadeira do Senhor. A sua voz profunda é o silêncio que chega ao coração. Elias pode somente entrever a face do Senhor através do manto que cobre seu rosto, como a mão protetora de Deus cobriu o rosto de Moisés, na montanha do Sinai, para protegê-lo da luz insustentável da sua glória, concedendo-lhe o privilégio de contemplá-lo somente pelas costas (cf  Ex 33, 18-23).
Elias sai deste encontro radicalmente transformado (1 Rs 19, 9-14). Recebe a nova missão de promover a vida do povo, em Israel e em Damasco, e de transmitir seu carisma de profeta a Eliseu (1 Rs 19, 15-18). Somente quem tem em si mesmo a vida do Senhor pode transmitir vida.
Iniciada como fuga diante do poder prepotente da rainha Jezabel, a aventurosa viagem de Elias se transforma numa verdadeira peregrinação interior rumo ao centro de si mesmo, mais que uma transferência forçada de lugar geográfico para outro, com a finalidade de esconder-se. Marca o retorno às origens espirituais de Israel a descida do profeta nas profundidades do seu coração, onde encontra a verdadeira habitação do Senhor e a linfa vital da sua missão de profeta ao serviço do Deus da aliança e da vida.
Através da pedagogia, severa e doce ao mesmo tempo, dos progressivos despojamentos de si, o Senhor molda o seu profeta, até fazê-lo digno de encontrá-lo na intimidade e na paz, como supremo dom de graça. Está superada toda manifestação de força que se impõe, simbolicamente expressa pelos impetuosos elementos naturais do vento violento e forte que quebra as montanhas, ou do terremoto e do fogo ( cf  1 Rs 19,11-12). Tais sinais tinham acompanhado a manifestação de Deus a Moisés e ao povo junto do Monte Sinai no momento de estipular a aliança (cf Ex 19,16-24). Desaparece também toda pretensão de fazer-se como defensor de Deus e quase seu protetor!
Deus não precisa de defensores, mas de testemunhas da sua graça e da salvação que vem dele. Testemunhas que, antes de mais nada, sabem escutar o testemunho interior do próprio Espírito do Senhor que fala dentro de nós, nos atrai a si próprio, nos fortalece, e nos sugere o que  é importante de verdade a se dizer, diante do tribunal da história ( cf Mt 10, 17-20).
Apreender o caminho espiritual, deixando-nos guiar pelo próprio Senhor e a ser moldados pela sua pedagogia purificadora e libertadora, em tempo de marcado individualismo e protagonismo também na busca espiritual, é uma herança preciosa que nos vem do profeta e do próprio Jesus: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,27).
Enquanto com a fórmula “Sou eu”, Jesus evoca o poder do nome divino (cf Ex 3, 14-15) pelo qual ele domina o mal, como deixam vislumbrar seu caminhar em cima das ondas e a calma da tempestade, ele vai encontro dos discípulos, como um pai que cuida da sua criança assustada, os encoraja, e igualmente encoraja Pedro na fraqueza da sua fé, já que ele segura prontamente em sua mão respondendo a seu grito de ajuda, sobe no barco e a tempestade se acalma.
A tradição cristã reconheceu neste evento, junto com a multiplicação dos pães, a imagem da Igreja na sua travessia ao longo da história, alimentada e sustentada pelo próprio Jesus. Na fé ela sabe e experimenta que Jesus não abandona os navegantes, assim como sabe que é ele mesmo a fortalecer a fé de Pedro e a garantir que o barco alcance seu destino, “para o outro lado do mar”, segundo o projeto de Deus.
Precisamos aprender o estilo da condescendência divina e da sua misericórdia solidária, num tempo em que cada um eleva o tom da voz para deixar-se ouvir, no atual show permanente e confuso das idéias e das propostas, onde se fica acentuando as cores de suas fardas e das suas bandeiras para afirmar seus princípios éticos, políticos, religiosos. Isto significa aprender com o profeta Elias a descer do monte Carmelo, lugar da matança dos profetas, e aprender a peregrinar com ele os duros trilhos do deserto até o monte Horeb, o lugar do encontro no silêncio com o Senhor e com as fontes da verdadeira vida. A mística não fecha a pessoa num mundo vazio, pelo contrário, a constrói com a mesma energia de Deus e a faz capaz de reconhecer e de cuidar do seu rosto divino, presente em toda pessoa e em toda situação.
Estas passagens espirituais e culturais constituem um desafio permanente no caminho pessoal e das comunidades cristãs de todo tempo. É difícil fazer próprio o estilo de Deus e de Jesus.
Depois que ele multiplicou os pães, o povo queria fazê-lo rei, destaca João, como que para garantir a continuidade da bonança material inesperada (Jo 6,15). Jesus, porém, refugiou-se sozinho na montanha, onde, numa noite de intensa oração face a face com o Pai, confirma sua escolha ao serviço do reino. Desta íntima relação com o Pai, ele desce em socorro potente e caridoso dos discípulos. Mas eles mesmos, observa S. Marcos, “ainda não tinham entendido nada a respeito dos pães, mas seu coração estava endurecido” (Mc 6, 52).
A Igreja conhece bem o tesouro da fé que nos anima, embora exposta a tantas fragilidades diante das provações da vida. Por isso nos convida a rezar com confiança o Pai, para que o nosso coração de filhos e filhas seja por ele mesmo fortalecido e alcancemos a tranqüilidade e a intimidade da casa paterna que esperamos: “Deus eterno e todo poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a herança que prometestes” (Oração do dia).
A Oração Eucarística VI-B (Deus conduz sua Igreja pelo caminho da salvação) interpreta muito bem esta consciência viva da Igreja e a firme esperança que a anima em seu caminho.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

JORNADA MUNDIAL DE JUVENTUDE

Em Madri, 16 a 21 de Agosto de 2011, acontecerá a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Tema: "Enraizados e fundados em Cristo, firmes na fé" (CL 2,7).
"O encontro terá  a participação do Santo Papa Bento XVI. Mais de um milhão de jovens participaram da JMJ.
Aqui se encontra um trecho no qual o Papa explica o tema da Jornada Mundial da Juventude:
"Para ressaltar a importância da fé na vida dos crentes, gostaria de deter-me em três termos que São Paulo utiliza em: "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Aqui, podemos distinguir três imagens: "enraizado" evoca a árvore e as raízes que a alimentam; "edificado" refere-se à construção; "firme" alude ao crescimento da força física ou moral. Trata-se de imagens muito eloquentes. Antes de comentá-las, é preciso assinalar que no texto original as três expressões, desde o ponto de vista gramatical, estão no passivo: quer dizer, que é Cristo mesmo quem toma a iniciativa de enraizar, edificar e tornar firmes os crentes".

DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL 2011 - 2015

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na 49 Assembleia Geral em Aparecida - SP, de 4 a 13 de maio de 2011, lançou as diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015. É de suma importância que todos os cristãos católicos leem essas diretrizes que com tanto carinho e oração os nossos bispos elaboraram e aprovaram para nós. Sabemos que nem tudo é "mares de rosas". Infelizmente a teoria só fica no papel, porque falta mais conhecimento na parte dos cristãos. Para que que isso aconteça, leiamos esse documento da CNBB que será muito útil para os agentes pastorais, movimentos. Está disponível no site da CNBB.

 Um abraço a todos(as) e uma boa leitura.

JOVENS: EDIFICADOS EM CRISTO.


Card. Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo - SP
A Jornada Mundial da Juventude de Madrid (17-21/08) é uma rica ocasião para o diálogo da Igreja com os jovens. Talvez alguém se pergunte: afinal, o que uma Instituição de 2 mil anos tem a dizer aos jovens, que ainda possa interessá-los?! A resposta é a mesma que fez com que os jovens, ao longo de 2 mil anos, continuassem a dar atenção à Igreja: ela lhes comunica a Boa Nova d eCristo, que é capaz de satisfazer  suas buscas e preencher de sentido suas vidas.
Assim aconteceu há 2 mil anos, quando as pessoas encontraram Jesus Cristo. E aconteceu com os jovens Saulo de Tarso, Agostinho de Hipona, Francisco de Assis, Antonio de Lisboa, José de Anchieta, Inácio de Loyola, Teresinha de Lisieux, Edith Stein e tantos, tantos outros!
Pode parecer velho, mas é sempre novo, pois, é nova e única a vida de cada ser humano, que busca respostas. E quando aponta para Jesus Cristo, a Igreja indica ao homem a resposta mais radical, verdadeira e permanente; não aponta apenas para belas teorias, ideais desencarnados ou princípios abstratos; ela leva ao encontro da pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, caminho, verdade e vida; e convida a se deixar atrair e encantar por ele, a experimentar a alegria e a paz de estar com ele, a acolher sua palavra e a seguir seus passos pela vida afora.
Sim, porque Ele é como o pão, que sacia toda fome e faz viver para sempre; como a água vivificante, que mata toda a sede; o pastor, que ama seu rebanho e dá a vida pelas ovelhas; Ele é a porta aberta, pela qual passa quem deseja ir direto ao encontro com Deus. Isso interessa aos jovens? Acho que sim. Interessa a todos!
O tema da Jornada de Madrid – “enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” (Cl. 2,7) -, lembra a “casa construída sobre a rocha”, da qual Jesus fala no Sermão da Montanha. Não basta ouvir suas palavras, é preciso colocar em prática o que se ouviu. E quem o faz, é como um homem que constrói sua casa sobre a rocha; nada podem contra ela ventos, enxurradas e enchentes, pois tem base sólida e fica firme. Mas quem ouve e não pratica o que Jesus ensina é como um homem que constrói a casa sobre a areia: vêm a chuva, os ventos, as enxurradas; a casa cai e vai toda em ruínas (cf. Mt. 7,24-27).
Vivemos a cultura do descartável, dos modismos passageiros, das novidades que suplantam as convicções a toda hora... Certezas duradouras estão fora de moda! O consumismo voraz tomou conta também da cultura, dos comportamentos e convicções; e tende a invadir também o campo religioso e dos princípios morais. Neste tempo de superficialidades, de relativismos e subjetivismos, cada um é elevado a construir sobre a base de si próprio, de seus gostos e sentimentos passageiros. Dá futuro isso?
Neste contexto, muitos jovens ficam sem referências sólidas para edificarem seu projeto de vida e seu futuro. Com frequência, “mitos” inconsistentes lhes são propostos, de maneira consumista, para serem imitados e seguidos. Quantos jovens, desorientados na vida, encaminham-se para os vícios e a imolação de suas jovens existências no culto das vaidades e prazeres, que os deixam vazios e destruídos! Que o digam Amy Winehouse e tantos jovens, que largaram tudo para viver nas cracolândias, vítimas da dependência química. Que o digam tantas vítimas, eliminadas em plena flor da idade, “arquivos” incômodos, depois de se terem envolvido nas malhas ilusórias e perigosas do tráfico de drogas e do dinheiro fácil...
São Paulo, querendo ajudar a vacilante comunidade de Corinto a se firmar na fé, exorta os fiéis: “... como sábio arquiteto, coloquei o alicerce, sobre o qual outro se põe a construir. Mas cada qual veja como está construindo. De fato, ninguém pode colocar outro fundamento, a não ser aquele que já está colocado – Jesus Cristo. Se alguém edificar sobre esse alicerce com ouro, prata, pedras preciosas ou madeira, feno ou palha, a obra de cada um acabará sendo conhecida.” (cf 1Cor 3,10-15).
Jovens, querem fazer algo de bom em suas vidas? Algo que dê futuro e ofereça firmeza para enfrentar os embates da vida? A Igreja os convida: construam sobre Cristo e seu Evangelho! Muitos outros já fizeram isso antes de vocês e não ficaram frustrados. Cristo é a rocha sólida, que dá sustentação para um grande e belo projeto de vida, como aquele que vocês querem para si!

domingo, 31 de julho de 2011

Agosto, mês vocacional.

Conforme o costume da Igreja no Brasil, o mês de Agosto é dedicado à oração, reflexão e ação nas comunidades sobre o tema das vocações. Por isso, lembra-se:

1. Semana: Vocação para o o ministério ordenados: diáconos, padres e bispos;
2. Semana: Vocação para a vida em família (atenção especial aos pais);
3. Semana: Vocação para a vida consagrada: religiosos(as) e consagrados(as) seculares;
4. Semana: Vocação para os ministérios e serviços na comunidade.

Portanto, rezemos para que este mês de agosto possa trazer muitos frutos à Igreja, à sociedade e á família.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Domingo Comum 31/07/2011

Comum 1118: O Pão Partilhado

Ao redor de uma mesa, acontecem fatos importantes
na vida das pessoas, das famílias e dos povos...
É momento de encontro, de fraternidade, de comunhão...
Comunica-se a alegria de um nascimento ou de um casamento; fortalece-se a amizade, estabelecem-se
contatos de trabalho e celebram-se ritos oficiais.

A Liturgia nos convida a sentar à mesa, que o próprio Deus preparou,
e onde nos oferece gratuitamente o alimento, que sacia a nossa fome
de vida, de felicidade, de eternidade.

Na 1ª leitura, Deus convida a uma MESA farta e gratuita
o povo faminto e sofredor, que estava no exílio.
"Venham matar a sede e comprar sem ter dinheiro
comer sem pagar, beber vinho e leite à vontade". (Is 55,1-3)

Era o apelo do profeta para que o Povo se animasse a voltar
à terra de origem, para recomeçar uma vida nova.
Seria o banquete da vida em liberdade, da terra repartida,
da moradia garantida, da saúde, da paz e bem estar.

A 2ª Leitura é um Hino ao amor de Deus,
que enviou ao mundo o seu próprio Filho,
para nos convidar ao BANQUETE da vida eterna. (Rm 8,35.37-39)

No Evangelho, Cristo realiza a profecia da primeira leitura,
alimentando o povo com a Multiplicação dos Pães. (Mt 14,13-21)

Seguido por uma imensa multidão, Jesus, como um novo Moisés,
vai ao deserto (novo Êxodo), onde repete o milagre do Maná.
Doa o seu pão ao Povo e convida os discípulos a distribuí-lo...

O DESERTO, para Israel, era o lugar do encontro com Deus.
Ali, Israel aprendeu a despir-se das suas seguranças humanas
e descobrir em cada passo a maravilhosa proteção do Senhor.
O deserto é o lugar e o tempo da partilha,
em que todos contam com a solidariedade da Comunidade.

+ PASSOS de Jesus para resolver o problema da fome:,

1. VÊ a "fome" e busca na comunidade a solução do problema.
Quando os discípulos buscam a solução mais fácil, despedindo o povo,
Jesus lhes ordena: "Dai-lhes vós mesmos de comer".
Quantos "famintos" de pão, de alegria, de apoio, de esperança!...
                                                                                                                                                  
2. Ensina COMO dar resposta a este desafio: PARTILHANDO.
Recolhe os "cinco pães e dois peixes", recita a bênção e manda partilhar...
Todos comeram, ficaram saciados e ... até sobrou.

3. Dá a RAZÃO para a partilha: Deus é o DONO de tudo.
"Tomou os 5 pães e os 2 peixes, ergueu os olhos ao céu e recitou a Bênção".
A "BÊNÇÃO" é uma fórmula de ação de graças,
pela qual se agradece a Deus pelos dons recebidos.
Isso significa reconhecer que o dom veio de Deus e
que pertence a todos os filhos de Deus. Não somos donos...

AS LEITURAS NOS LEMBRAM TRÊS VERDADES:

+ Deus convida todos para o "Banquete" do Reino
Os que vivem à margem da vida e da história,
os que têm fome de amor e de justiça,
os que vivem atolados no desespero,
os que o mundo condena e marginaliza,
os que não têm pão na mesa, nem paz no coração,
também são convidados para a Mesa do Reino.

+ Jesus nos compromete com a "fome" do mundo.
- A fome é companheira  cruel de milhões de filhos de Deus...
   Quase dois terços da humanidade passa fome...
- Os APÓSTOLOS encontram a solução mais fácil:
  "Despede as multidões": "Mande-os para casa".
- JESUS não fica na mera "compaixão": cura os doentes,
  ilumina o povo com a sua palavra, partilha com eles o pão,
  entrega-se pessoalmente a eles como o Pão da Vida...
  * Quando os Apóstolos falam em "comprar", Jesus manda "dar":
     "Dai-lhe vós mesmos de comer..."
- NÓS também somos responsáveis pela fome no mundo...
  Nenhum cristão pode ficar alheio a essa triste realidade!...
  E o problema da fome no mundo também não se resolve apenas
  com programas de assistência social, mas com a partilha, com o amor.

O milagre da partilha pode acontecer na medida em que todos oferecem
na medida do pouco que tem. Não se trata de quantidade,
mas da generosidade que permite a realização do milagre.
E o milagre da partilha não se fecha nas coisas materiais.
Muitos necessitam um pouco do nosso tempo, de um olhar,                                               de um abraço, de uma visita...

+ Jesus nos convida a sentar à MESA e receber o Pão que ele oferece.

A narração tem um contexto eucarístico (ver palavras da consagração...)
Sentar-se à mesa com Jesus é comprometer-se com a dinâmica do Reino
e é assumir a lógica da partilha, do amor, do serviço.
Celebrar a Eucaristia obriga-nos a lutar contra as desigualdades,
os sistemas de exploração, os esbanjamentos… (recolheu as sobras...)
Quando celebramos a Eucaristia, tornamos Jesus presente no mundo,
fazendo com que o seu Reino se torne uma realidade viva na história.


                                Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 31.07.2011