segunda-feira, 21 de maio de 2012

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Domingo, 21/08/2011

Quem é essa Mulher?

Celebramos hoje a festa da Assunção de Nossa Senhora.

Esse DOGMA foi definido como verdade de fé
pelo papa Pio XII em 1950:
"É dogma revelado por Deus que a Imaculada Mãe de Deus,
a Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrena,
 foi elevada em corpo e alma à glória celestial."
Mas a FESTA da Assunção é bem mais antiga.
Inicialmente, era a festa da "Dormição" de Maria (não se fala de morte)
e da transferência de seu corpo para o paraíso.
Em Jerusalém já se fazia nessa época uma procissão ao túmulo de Maria.

As LEITURAS BÍBLICAS relacionam-se com a festa:

1a leitura: Maria, imagem da Igreja. (Ap 11,19a; 12,1-10ab)
Como Maria, a Igreja gera na dor um mudo novo.
E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal.

Essa "Mulher" representa a Comunidade de Israel, composta de 12 tribos.
Mas se aplica também a Maria, de quem nasceu o Messias.

2a leitura: Maria, nova Eva.
Novo Adão, Jesus faz da Virgem Maria uma nova Eva,
sinal de esperança para todos os homens. (1Cor 15,20-27)

O texto é uma longa demonstração da ressurreição.
A Assunção é uma forma privilegiada de Ressurreição.
O apóstolo não evoca Maria, mas esta leitura na Assunção,
leva a reconhecer o lugar eminente da Mãe de Deus
no grande movimento da ressurreição.

Evangelho: Maria, Mãe dos crentes.
Cheia do Espírito Santo, Maria encontra palavras de fé e de esperança:
doravante todas as gerações a chamarão bem-aventurada! (Lc 1,39-56)

* O cântico de Maria descreve desde o começo o Plano de Deus,
que prosseguiu em Maria e que se cumpre agora na Igreja.

+ O SENTIDO DA FESTA: uma Mulher SINAL


- A primeira e a mais perfeita discípula de Cristo.
A Virgem se constitui em imagem e tipo de Igreja na ordem da fé,
da caridade e da união perfeita com Cristo.
Maria encarnou em sua pessoa e em sua vida terrena,
o ideal de santidade do seguidor de Cristo.
- Sinal escatológico da Igreja:
Maria Assunta é figura e primícias da Igreja que um dia será glorificada;
é consolo e esperança  do povo ainda peregrino na terra.
É a Ponte da passagem de Israel para a Igreja.
- É um Sinal humano de esperança.
A contemplação de Maria na glória nos faz ver a vitória
da esperança sobre a angústia, da comunhão sobre a solidão,
das perspectivas eternas sobre as temporais, da vida sobre a morte.

+ Maria é um modelo cristão para hoje ?
"A Virgem Maria sempre foi proposta pela Igreja
à imitação dos fiéis não precisamente pelo tipo de vida que levou,
dentro do ambiente em que viveu, hoje superado,
mas sim porque ela aderiu totalmente à vontade de Deus,
porque soube acolher a sua palavra e pô-la em prática,
porque a sua ação foi animada pela caridade e pelo espírito de serviço,
porque foi a primeira e mais perfeita discípula de Cristo". (Paulo VI)

+ Maria sinal do amor de Deus.
Na vida sentimos necessidade de expressões de amor e sinais de carinho,
que os outros têm para conosco e que temos pelos outros:
uma saudação, um beijo, uma carta, um gesto, um sorriso...
Na vida espiritual também necessitamos desses sinais...
Cristo é o grande Sacramento do Pai 
e Maria é o sinal perene e maternal do amor
que Deus nos tem em Cristo Jesus nosso Senhor.

A festa de hoje é sinal do que Deus prepara
para os que são capazes de amar e servir.
É a antecipação do que Deus quer doar: a plena felicidade...

Neste mês vocacional, a Igreja também nos apresenta outra pessoa
que deve ser UM SINAL DE DEUS no meio do povo e
para quem Maria é um modelo a ser seguido: o Religioso e a Religiosa...

Como Maria, os religiosos também:
- fazem uma consagração especial: a Deus e aos irmãos...
- devem ser um SINAL de DEUS no meio do Povo...

Esta festa desperta e reforça a nossa ESPERANÇA,
porque a vitória de Cristo e de sua Mãe assegura também nossa vitória:
nos aponta o destino que Deus quer para todos.

E essa vitória será possível se, a exemplo de Maria,
formos fiéis à Palavra de Deus, tivemos um coração humilde
e estivermos atentos às necessidades dos irmãos...

E como Maria foi um sinal de esperança...
rezemos para que os religiosos também continuem sendo
ainda hoje no meio do povo: UM SINAL DE DEUS...

                                          Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 21.08.2011

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Dalila e o pecados do poder

Dom Genival Saraiva

Bispo de Palmares - PE

“Sansão enamorou-se de uma mulher que habitava no vale de Sorec, cujo nome era Dalila. Então os chefes filisteus foram procurá-la e disseram-lhe: ‘Seduze Sansão e descobre donde lhe vem essa força enorme, e como poderíamos vencê-lo e subjugá-lo. Se fizeres isso, te daremos, cada um de nós, mil e cem moedas de prata’. Dalila perguntou então a Sansão: ‘Dize-me, eu te rogo, donde vem a tua força enorme? Com que deveriam amarrar-te para ficares subjugado?’ Respondeu-lhe Sansão: ‘Se me amarrassem com sete cordas de arco, novas e ainda não curtidas, ficaria fraco e seria como qualquer outro homem’.
Os chefes filisteus levaram a Dalila sete cordas de arco, novas e ainda não curtidas, com as quais ela o amarrou, enquanto alguns homens se emboscaram no quarto. Dalila gritou: ‘Sansão, os filisteus!’ Mas ele despedaçou as cordas como se despedaça um fio de estopa chamuscada pelo fogo, e o segredo de sua força ficou desconhecido. Dalila disse a Sansão: ‘Zombaste comigo, contando-me mentiras. Conta-me agora, por favor, com que te deveriam amarrar. Ele respondeu: ‘Se eu for amarrado com cordas grossas, novas e ainda não usadas, ficarei fraco e serei como qualquer outro homem’. Dalila tomou cordas grossas novas, amarrou-o com elas e, na presença dos homens emboscados no quarto, gritou: ‘Sansão, os filisteus!’ Mas ele despedaçou as cordas de seus braços como se fossem fios. Dalila disse a Sansão: ‘Até agora zombaste comigo e me contaste mentiras. Conta-me como deveriam amarrar-te!’ Sansão respondeu: ‘Se teceres as sete tranças de minha cabeleira com a urdidura de um tear e as fixares com um pino, ficarei fraco e serei como qualquer outro homem”. Ela o fez dormir, teceu as sete tranças de sua cabeleira com a urdidura, fixou-as com um pino e gritou:
‘Sansão, os filisteus!’ Despertando do sono ele arrancou o pino do tear e a urdidura. Então ela lhe disse: ‘Como podes dizer que me amas, se não confias em mim? Três vezes já me enganaste, não me revelando de onde vem tua enorme força’. Como ela o importunasse e insistisse todos os dias com suas lamúrias, ele caiu num desespero mortal e acabou revelando-lhe todo o segredo: ‘A navalha’, disse, ‘jamais passou sobre minha cabeça, porque sou consagrado a Deus desde o ventre de minha mãe. Se raparem minha cabeça, minha força me abandonará e eu ficarei fraco, igual a qualquer outro homem’. Percebendo que ele lhe havia contado todo o seu segredo, Dalila mandou chamar os chefes dos filisteus: ‘Vinde todos aqui, porque desta vez Sansão me contou todo o seu segredo’. Eles acorreram, trazendo o dinheiro que haviam prometido. Dalila fez Sansão adormecer no colo e chamou um homem, que cortou as sete tranças de Sansão. Este foi enfraquecendo e de repente sua força o abandonou. Então Dalila gritou: ‘Sansão, os filisteus!’ Despertando do sono, ele pensou: ‘Sairei desta como das outras vezes e me livrarei’. Mas ele não sabia que o Senhor o havia abandonado. Os filisteus agarraram-no e em seguida furaram-lhe os olhos. Depois, levaram-no a Gaza, preso com duas correntes de bronze, e o puseram na prisão, a girar a mó do moinho.’ (Jz 16, 4-20)”
No Antigo Testamento, a participação de mulheres, na sua relação com homens que têm poder político, revela a consciência de pertença ou não ao povo hebreu. Ester e Dalila são dois exemplos.” Ester é escolhida para ser mulher do Rei Assuero: “Procura-se outra rainha entre as mais belas jovens de todas as províncias do Império, sendo escolhida a hebreia Hadassa, sobrinha de Mardoqueu. Hadassa recebe o nome persa de Ester.” Perante o Rei, Ester defende o povo hebreu de acusações que o levariam à morte. (cf. Est 7,1-10) Dalila: ao trair Sansão, traiu o seu povo. “Sua residência em Sorec permitiria não considerá-la nem hebreia nem filisteia, mas a narrativa leva a pensar que tenha sido hebreia.” Dalila não tinha poder político, mas tinha poder de sedução; os filisteus, por sua vez, tinham poder político e financeiro e, assim, praticam o crime do suborno.
É muito comum a prática do suborno, de parte de pessoas que têm poder político e econômico, enquanto buscam, de forma inescrupulosa, a concretização de seus intentos que, via de regra, envolvem dinheiro e posição social. Esse problema, cada vez mais acentuado  na administração pública, tornou-se um vício na vida de funcionários de carreira e de burocratas de ocasião. O suborno sempre fere a ética e atinge a justiça. Fere a ética porque manipula pessoas, normalmente, em situações de fragilidade e necessidade e, assim, as induz ao mal. O suborno fere a justiça porque sempre causa um prejuízo social. O suborno fere a justiça porque sempre causa um prejuízo social. A população brasileira conhece muito bem esse problema, através de denúncias da midia, de relatórios de orgãos públicos de fiscalização e controle e de instituições da sociedade civil.

Arquitetura e Arte Sacra CNBB

A cidade de Recife (PE) acolherá o 8º Encontro Nacional de Arquitetura e Arte Sacra, nos dias 17 a 20 de agosto. O evento é promovido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, Setor Arte Sacra, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Segundo os organizadores do evento, os Encontros Nacionais de Arquitetura e Arte Sacra destinam-se a todos os envolvidos em reformas e construções de igrejas que desejam aprofundar a relação entre liturgia, arquitetura e arte.
O tema central do encontro é “O sagrado e o mistério”, que será trabalhado pelo Teólogo e professor do Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus (MG), padre João Batista Libânio. Haverá também palestras sobre “A fonte batismal”, com o professor da Universidade Católica de Pernambuco (PE), padre Jacques Trudel; “Arquitetura religiosa em Portugal”, com o arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, Bernardo Pizarro Miranda e “O espaço sagrado na poesia brasileira”, com o Filósofo e professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Luciano Costa Santos.
O interessado em apresentar seus trabalhos no 8º Encontro Nacional de Arquitetura e Arte Sacra terá a oportunidade de fazê-lo numa mostra organizada paralela ao evento. Esses trabalhos devem ser impressos em banners, em formato e layouts definidos pela organização do Encontro. Para saber como participar acesse o site do Encontro, no endereço www.espacoliturgico2011.wordpress.com.
Caso deseje participar da mostra mande um e-mail para Maria Inês, no e-mail: arq.mariaines@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. até o dia 15 de julho.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Vida para todos

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ

Iniciamos neste domingo a Semana Nacional da Família, quando comemoramos o Dia dos Pais. É uma ocasião importante para manifestar nossas convicções sobre a importância da família por onde passa o “futuro da humanidade” assim como o nosso compromisso do testemunho cristão familiar num tempo de mudanças e transformações.
Estamos também no clima da Jornada Mundial da Juventude que já acontece na Espanha com as pré-jornadas e que culminará no final de semana com a presença do Santo Padre o Papa Bento XVI atendendo, pregando e celebrando com a juventude do mundo em Madri.
É dentro deste contexto vocacional que nos inspira este mês que somos iluminados pelo Evangelho deste domingo que fala da grande fé de uma mulher pagã, a quem Jesus cura a filha endemoninhada (Mateus 15,22). Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia e essa mulher cananéia vai ao encontro do Senhor, implorando-lhe, com gritos, para curar sua filha: "tende piedade de mim, Senhor" (v. 22). Essa petição, na verdade, é uma profissão de fé cristã. Ela, portanto, reconhece em Cristo, o Messias, o Senhor. Com a intercessão dos discípulos e com o reconhecimento que, mesmo tendo a missão inicial reunir as “ovelhas perdidas”, o Senhor encontra nessa representante dos “gentios” a abertura para anunciar a universalidade da Salvação. Foi ocasião de mostrar ao mundo a misericórdia de Deus e proclamar que a fé transcende todas as barreiras de raça que encontramos já em Isaias 56, 6 que lemos na primeira leitura e constatado por Paulo em Romanos 11, 13 proclamado na segunda leitura deste domingo. É a fé em Cristo que permite o acesso à mulher, no reino à mesa com Abraão, Isaac e Jacob.
Queridos irmãos, como a mulher cananéia, nós também somos chamados por Jesus para amadurecer a semente da fé plantada em nós no dia do batismo. É o ensinamento de amor, em que o Mestre, embora possa parecer distante, impassível diante das nossas necessidades reais, sustenta a nossa fé. Mas, como Ele mantém e reforça a nossa fé? Antes de tudo pelo apelo constante à oração, verdadeiro encontro com Deus, quando os cristãos, ao ouvirem a voz de Deus e tentando fazer a sua vontade, testemunham e vivem esse encontro transformador com Jesus, e a participação nos sacramentos, especialmente a Eucaristia, onde, ao comer a carne do Cordeiro que foi imolado, participamos na mesa eterna, antecipação de participação na vida divina. Nesses dois lugares, portanto, o Senhor faz agir em nós a pedagogia da iniciação no reino, ou seja, a capacidade para obter a salvação.
Ao pedido insistente da mulher, a resposta de Jesus é clara: "seja feito como tu queres". A mulher cananéia que encontramos no Evangelho de hoje é um exemplo maravilhoso de oração fervorosa e de fé apaixonada e clara. O exemplo é particularmente reluzente porque é oferecido por uma pessoa que vem do paganismo. É bom pensar que o amor de uma mãe é tão intenso e quase sagrado, que torna ainda mais forte a oração e firme a fé. Essa mãe que pede a cura de sua filha "atrozmente atormentada por um demônio", e vemos esse comportamento como um protótipo para todas as mães, que lutam continuamente para obterem a saúde física e espiritual de seus filhos. Lembra-nos que um grão de fé é suficiente para mover montanhas e arrancar autênticos milagres do Senhor. Isso nos ensina que devemos dirigir uma dupla invocação a Cristo Jesus: "Aumenta a nossa fé" e "Senhor, ensina-nos a orar”!
Que a Semana Nacional da Família e a Jornada Mundial da Juventude sejam momentos de profunda vivência em nossas comunidades. Rezemos especialmente pelos jovens: para que este momento eclesial seja um reflorescimento para a vida da Igreja e um incentivo para testemunharem e anunciarem o Evangelho da vida.

Ordenações presbiterais

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ

Estou tendo oportunidade de presidir algumas celebrações de ordenações presbiterais neste mês de Agosto. Em plena semana de orações pelas vocações sacerdotais o Senhor me deu a graça de ordenar 11 novos sacerdotes na Festa da Transfiguração do Senhor. É sempre uma oportunidade de reflexão e de ação de graças.

A vida de todo ser humano é um dom de Deus. “Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus” (Ef 2,10). Somos criaturas de Deus. O sacerdócio é um dom que vem de Deus.

Do mesmo modo que chamou Pedro, Tiago, João e tantos outros na história da Igreja, o 'Vem e segue-me', chama hoje com a mesma força. Ninguém respondeu ao sacerdócio por ação humana, mas porque o próprio Cristo no interior de suas almas pronunciou seu nome e os convidou a segui-lo.

Falar de vocação é sempre algo necessário e desafiador. É necessário porque Deus nunca deixa de chamar pessoas para compartilhar a sua intimidade e desafiador porque muitas vezes não damos a devia atenção a esta voz que nos chama. Deus continua sempre o mesmo e não se cansa de demonstrar a sua bondade. Mas no mundo em que vivemos se torna extremamente difícil perceber esta presença e o chamado de Deus. Diante de um mundo cheio de possibilidades e oportunidades, facilmente perdemos a direção. No entanto, em meio a todas essas conturbações, Deus age misteriosamente na simplicidade de nosso dia-a-dia. Deus toca no coração das pessoas para que, livremente, elas disponham de seu tempo e de sua vida para colaborar de forma intensa no serviço de salvação do mundo.

É nesse sentido que a minha ação de graças se prolonga ao ver como, mesmo nas grandes cidades com todas as atrações que dispõe, e mesmo numa sociedade permissiva e com tantas possibilidades de caminhos, jovens continuam respondendo generosamente a Cristo diante do Seu chamado para servir ao Povo de Deus entregando toda a suas vidas e com um coração indiviso.

Cristo quis necessitar de cada um dos seus sacerdotes, como foi com Pedro, Tiago e João. Embora todo cristão é chamado a ser presença de Cristo no mundo, os presbíteros, ao presidir, coordenador, celebrar, anunciar são os canais e os meios pelos quais Ele vai comunicar-se à humanidade. Na Igreja, todos somos iguais por razão da vocação em Cristo, porém, possuímos funções diferentes que supõem vocações na e para a comunidade. A nossa primeira vocação, à qual todos somos chamados, é a de ser santos como nosso Pai é Santo. Vocação esta que está intimamente ligada à nossa adoção filial por parte de Deus. Nesse sentido, tudo o que fizermos deverá contribuir para a nossa santificação e a dos outros, quer assumindo uma vocação de especial consagração na vida da Igreja quer sendo presença dela no mundo perante as várias profissões.

Diante da dimensão do chamado, existem muitos caminhos diferentes: a vocação cristã, de filho, batizado; a vocação laical, ao matrimônio ou a ser solteiro; a vocação ao ministério ordenado, ser sacerdote; e a vocação à vida consagrada, ser religioso. Para responder ao chamado de Deus é preciso abrir o coração e deixar-se envolver pela graça de Deus que exigirá de nossa parte uma constante conversão.

Deus chama a cada jovem ao sacerdócio para que ele responda; chama a cada um, como pessoa. E a resposta a Deus é uma resposta pessoal. A missão de cada sacerdote é clara e precisa: a santidade urgente!

O chamado de Cristo tem prioridade. Nenhum interesse humano deve estar acima de Deus. Por isso Jesus diz: “todo aquele que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”. Jesus mesmo deixou os seus discípulos encarregados para a edificação da Igreja: “Ide, pois, fazei discípulos meus entre todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) e assegurou que estará com eles todos os dias, até o fim do mundo. Assim, a Igreja torna-se missionária e evangelizadora, mas, para que essa missão profética se concretize, ela necessita da colaboração de muitos.

Deixando seus padres em meio ao mundo, Jesus declarou que queria fazer deles seus mensageiros e representantes. Se, graças aos sacramentos do Batismo e da Crisma, cada cristão é chamado a testemunhar e a anunciar o Evangelho, essa dimensão missionária da Igreja se torna especialmente ligada à vocação sacerdotal.

O sacerdote foi escolhido por Deus, do meio do povo, e Cristo vem nos comprovar isto: “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu quem vos escolhi” (Jo 15,16). O sacerdote é chamado a colaborar com a obra da construção do Reino de Deus, apresentada por Cristo. O padre é aquele que fala a Deus sobre os homens e fala aos homens sobre Deus; que não tem medo de servir à Igreja como ela quer ser servida; e que vive com alegria o dom recebido pelo Sacramento da Ordem.

Corresponder ao chamado de Cristo supõe enfrentar desafios com prudência e simplicidade e, até mesmo, perseguições. Os sacerdotes não ficam sós para anunciar o Reino dos Céus, mas é o mesmo Jesus que os acompanha: “Quem vos acolhe, a mim acolhe; e quem me acolhe, acolhe aquele que me enviou”.

O que fortaleceu os discípulos e continua fortalecendo os sacerdotes hoje em dia é sempre o amor de Cristo. E é, sem dúvida, esse amor que fará com que o sacerdote se doe inteiramente ao anúncio da palavra de Deus, à administração dos sacramentos, ao serviço dos doentes, dos sofredores, dos pobres, dos que passam por momentos difíceis, enfim, daqueles que necessitam de conforto para seu corpo e alma.

O padre é o homem da Eucaristia e é dela que ele tira forças e coragem para proclamar o Reino de Deus em meio ao mundo. O padre também é o homem do Anúncio do Evangelho e dele fundamenta sua vida e sua caminhada. O padre é o homem do perdão, vive e anuncia a grandeza da misericórdia de Deus. O padre é o homem da partilha, porque partilha sua vida como Cristo partilhou a sua. O padre é o homem da profecia, porque anuncia e denuncia como os profetas as injustiças de nossos tempos. O padre é o homem do amor, porque se doa como o Cristo se dou na Cruz por amor a humanidade.

A espiritualidade do padre deve ser profunda para enfrentar todas as dificuldades surgidas. É neste ponto que o povo de Deus deve, com fervor, rezar pelos padres para que eles possam, a cada dia mais, estar fortificados com as graças de Cristo.

Tempo Comum, 14/08/11


Quem se salva?

No Catecismo, que aprendi de criança,
a primeira pergunta era: "Para que vivemos na terra?"
 - Para conhecer, amar e servir a Deus e
   assim SALVAR a nossa "alma"...

A Liturgia desse domingo nos oferece a oportunidade de refletir
sobre o tema da SALVAÇÃO. Quem se salva?

As leituras mostram o UNIVERSALISMO da Salvação de Deus

Na 1ª Leitura, vemos que Deus não exclui ninguém da Salvação.
Dia virá em que os "estrangeiros", residentes na Palestina, que honram a Deus
e praticam seus mandamentos, serão acompanhados até o templo do Senhor.
"A Casa do Senhor será uma casa de oração para todos os povos". (Is 56,6-7)

Para os judeus, que se julgavam os únicos destinatários da salvação,
foi uma tremenda novidade.
Essa afirmação nos lembra também que Deus nos convida
a acolher e amar todas as pessoas, mesmo "os diferentes" de nós.
Pois verdadeiro crente é todo aquele que acolhe
com um coração agradecido os dons de Deus e a graça da Salvação.

Na Leitura, Paulo vê o anúncio aos gentios como uma extensão
ao anúncio prioritário aos judeus. (Rm 11, 13-15.29-32)

Paulo lembra com tristeza que Israel, apesar de ser o Povo eleito de Deus
e o Povo da Aliança, recusou a Salvação que Jesus veio oferecer.
Mas a misericórdia de Deus não abandona nenhum de seus filhos
e fica sempre esperando uma resposta positiva às suas propostas.

No Evangelho, Jesus exalta a fé de uma mulher Cananéia,
considerada pagã pelos judeus. A fé não tem fronteiras. (Mt 15, 21-28)

- A mulher procura o Cristo e inicia com ele um comovente DIÁLOGO:  
  apresenta-lhe a maior preocupação de sua vida: a saúde da filha.
- Jesus permanece em silêncio, aparentemente insensível aos apelos da mulher...
- Os apóstolos, impacientes, insistem para que resolva o problema:
  ou cure de uma vez, ou então mande embora...
- Cristo declara com sinceridade e firmeza sua posição:
   "Fui enviado só para as ovelhas perdidas de Israel..."
- Mas ela insiste nesse diálogo que parece IMPOSSÍVEL... 
   "Senhor, vem em meu socorro..."
- E Cristo lhe dirige uma afirmação dura:
   "Não é bom tomar o pão da mesa dos filhos e lançá-los aos cães..."
- E ela não se ofende, pelo contrário, com HUMILDADE prossegue:
"Sim, Senhor, mas também os cães comem as migalhas
que caem da mesa de seus donos..."
- No final, Jesus conclui: "Ó mulher, grande é tua FÉ; seja feito como queres".
  E desde esse momento sua filha ficou curada...
= É um dos trechos mais comoventes do evangelho...
- Impressiona-nos a grande fé e humildade dessa mulher.
- Surpreende-nos também a forma aparentemente dura com que Jesus a trata.

+ Como entender esta atitude do mestre, que sempre procurou mostrar
   em gestos concretos o amor e a misericórdia de Deus pelos homens?

- Foi um modo de desaprovar os preconceitos judaicos contra os pagãos e
  mostrar em terra estrangeira o belo exemplo de fé dessa mulher pagã,
  que também merecia fazer parte do Povo de Deus.

+ ESSE EPISÓDIO NOS REVELA TRÊS VERDADES:

1. A SALVAÇÃO é Universal, "católica" :
É oferecida para todos os que têm o coração aberto aos dons de Deus,
independente de raça, nação, cultura, sexo ou classe social.

2. CRISTÃO é quem aceita a oferta de salvação de Cristo,
quem acolhe o seu Reino, adere a Jesus e ao Evangelho.
O importante não é pertencer a um povo ou a certa classe de privilegiados.
O que vale é a FÉ (entendida como adesão a Jesus e à sua proposta de salvação).

3. A IGREJA é um instrumento privilegiado de salvação deixado por Cristo.
Mas, "graças a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a Salvação eterna,
todos os que, sem culpa, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja,
mas procuram sinceramente a Deus, e, sob a influência da graça, se esforçam por cumprir a vontade dele, conhecida por meio da consciência". (CCIC 171)
No Evangelho de hoje, Cristo em terra estrangeira
elogia a fé de uma mulher pagã (cananéia).

+ O QUE ESSA MULHER CANANÉIA NOS DIZ, HOJE?

         - No "Dia dos Pais", que hoje celebramos?
Muitos pais também andam angustiados pela situação de seus filhos.
Ela nos mostra um caminho para superar os problemas:
- Grande AMOR para com a filha;
- DIÁLOGO humilde e perseverante com Cristo.
Pelo Amor autêntico e pelo Diálogo humilde e perseverante, os pais também encontrarão um caminho seguro para superar todas as dificuldades...

         - Na "Semana da Família", que hoje iniciamos?
Quando o DIÁLOGO parece impossível, o único caminho a seguir
é Amor, Humildade e Perseverança.
Feliz da família que cultiva a fé.
Abençoados os pais que assumem a missão de educar na fé.

Rezemos para que todas as nossas famílias possam ser a família que Deus quer...

                                        Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa- 14.08.2011